Bohemian Rhapsody: Rami Malek fala sobre preparação para o filme

Rami Malek, aos olhos do público, não é a pessoa mais extrovertida do mundo. Conhecido pelo papel na série Mr. Robot, sua imagem estava associada ao extremo oposto. Na série dramática, interpreta o hacker Elliot, uma figura antissocial e instável. Foi apenas devido à desistência de Sacha Baron Cohen para interpretar Freddie Mercury em Bohemian Rhapsody que seu nome foi cotado. E, ao invés de sentir a autoestima ir às alturas, ele fez o oposto, como revela em entrevista ao site Deadline. Disse aos produtores: “Ouçam, eu não sou cantor, não toco piano. Acho que seria capaz de fazer seus movimentos, mas mesmo isso poderia ser uma questão”.

Do receio à coragem

Malek respirou fundo após sentir a confiança do produtor executivo Graham King. No início, eles não tinham suporte de nenhum estúdio, apenas o desejo de fazer de Bohemian Rhapsody um filme marcante. Para entrar de vez no papel, o ator deixou todos os outros projetos de lado. Começou a gravar entrevistas como se fosse Freddie Mercury para que os produtores pudessem vender o peixe aos estúdios. Malek também foi jantar com dois integrantes do Queen, os quais foram fundamentais para o direcionamento de sua forma de atuar.

Da voz aos movimentos, cada detalhe foi estudado para não soar artificial. “Há o perigo de cair no mimetismo ou na imitação e queria ter certeza de que a cada momento estava emergindo espontaneamente no palco ou em uma cena. Polly Bennett (coreógrafa) me ajudou com isso”, declarou . Como Freddie Mercury nasceu em Zanzibar (atual Tanzânia) e estudou em uma escola britânica na Índia, a composição do sotaque foi outro ponto importante. Malek ouviu entrevistas com a mãe do cantor para entender como sua linguagem se desenvolveu ao longo da vida.

Um ser humano complexo

Segundo Malek, o que os ex-integrantes do Queen queriam era um filme que pudesse mostrar as diferentes faces de Freddie. Não apenas um homem que sofreu durante a vida, mas alguém que triunfou e foi um grande amigo. Para atingir esse nível de sutileza em Bohemian Rhapsody, o ator fez uma “investigação” afetiva desse ídolo tão humano.

“Vi imagens de arquivo e ouvi todas as entrevistas de rádio. Eram as mais sinceras. É possível ouvir como ele falava com um garçom e pedia uma vodka com tônica. Fiz um diário com todas as letras das canções que ele escreveu, para que pudesse entender com o que ele estava envolvido, o que ele estava tão desesperado em compartilhar”, conclui Malek.